Desperdício
Às vezes imponho meu insano querer, perverso;
Outras, me aconselho, tento obedecer, diverso;
Ora não tô no meu dinheiro chuto balde, reverso,
Outras, até quero ser pacato, persuadir, converso...
Pregaram os bens da solidão, eis-me, inconverso,
esse sonho inda não realizado, me pondo imerso;
quiçá a vida até aponta pra outro lado e malverso,
ou, sofro asfixiado no mar de desilusões submerso...
Uma hora, em favor do infeliz conspira, o Universo,
traz solícito, aquele amor cantado em prosa e verso;
por enquanto, porém, o que há e esse fado inverso,
desperdiçando a ventura, e me colocando disperso...