dezoito graus

Dezoito graus

Dezoito graus

Frio soprando nas orelhas

Dezoito graus

Percorrendo minhas vértebras

E não me lembro de quantas tenho

Dezoito graus

Frio de final de outono

As folhas frias caem ortodoxas ao vento

E saboreiam os mil caminhos

ditados pela sorte

Dezoito graus

E dez dedos absolutamente gelados

Um ouvido que solitário percebe tudo,

O outro que ignora absurdamente

Mas, busca um som distante

Um estampido a dezoito graus

Um retorno a cento

e oitenta e graus

num planeta elipsado

repleto de movimentos

translatícios e rotativos

acho que estou ficando

tonta

dezoito graus

e, há em dois bolsos

muitos segredos

poucas arestas

do cubo mental

dezoito graus

ainda positivos

e, subitamente

lembrei-me

dos graus negativos

lá do deserto

da lua gélida

embrulhada na

cor estranha da

tempestade de areia

Boa lembrança.

Tuaregs

São manchas negras

Sobre as areias brancas

Sombras humanas

Esvoaçando pelos desertos

A dúvida

É um tuareg

Que nos ronda todos os dias

Vaga pela alma

Vaga de oásis em oásis

De uma sombra

para uma bruma

Os ratos do deserto conhecem

tão bem os tuaregs que os

Saúdam...reverenciam

roendo-se...rondando-os

em caravana, silenciosamente,

à cata de restos escapulidos

de alguma refeição,

restos de uma história

ou estória

restos de vento uivante

restos de restos

restos

de dezoito graus

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 02/07/2007
Código do texto: T549622
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