Madrugadas

Ainda nem acordei direito.

Mas o forte sol já faz meus olhos arderem.

Ouvindo The Smiths de madrugada,

seu amigo bêbado,

desabafando,

sob a luz amarelada das ruas.

E eu?

Não tive nem a capacidade

de me embebedar,

de me animar...

falamos sobre a vida...

não sabemos quem está pior.

Como Bukowski diria

“O Amor é um Cão dos Diabos”.

Penso,

qual o motivo disso tudo?

Seria ela?

Aqueles cabelos negros.

Sua voz suave.

Seu sorriso fácil,

Seus olhos alegres.

Mas seus cabelos?

estão sendo acariciados.

Sua voz?

acalma a mente de outro.

Seu sorriso?

Não acho que eu seja a causa.

Seus olhos?

Devem estar presos aos dele.

E quando eu irei sentir seu calor nos braços?

Quando seus olhos irão estar presos aos meus?

Quando eu me tornarei motivo de seu sorriso?

Nem eu sei.

Não sei nem se isso virá a acontecer.

Sei que irei viver,

ver o que o futuro tem para oferecer.

Afinal...

da vida espero pouco,

apenas alguns momentos,

felicidades,

tristezas,

apatias.

E a morte.