INCERTEZAS
A solidão se apega a mim e corrói-me por dentro,
o tempo impetuoso degrada-me e modifica-me por fora.
Cada vez mais me sinto perdido sem norte e sem centro,
e a cada momento sinto que devo partir, ir embora.
A tristeza envolve meu ser e sinto que caminho rumo ao nada,
pois a liberdade parece inalcançável, algo que não virá de graça.
Observo a sociedade e vejo seres enganados, dominados pelo consumo, sem saberem que estão tristes e anestesiados por um modelo de fetiche.
Homens e mulheres por metrópoles e sertões, caminham sem rumo,
seguem as placas erradas, aquelas que não nos levam a uma realidade alada.
Hoje, sinto-me melhor dentro de mim mesmo, sem externalizar,
encontrando refúgio somente nas palavras, escritas com pesar.
Não sei o que fazer, não sei se abraço a solidão ou se a desprezo,
não sei se caminho triste em meio à multidão, ou se retorno ao subsolo.
Às vezes desejo embriagar-me num turbilhão de dúvidas, até olvidar quem sou.
Talvez assim acostume com esta realidade que produz dor,
ou enxergarei no horizonte a beleza escondida em algum lugar,
que me trará esperança de um dia acordar e seguir cantando rumo ao sol.