EM CERTOS DIAS

Em certos dias...

Por que será...?
Que a gente sente,
A alma ausente,
Um vazio presente,
Uma falta não sei do que,
Um nada a envolver,
A fragilidade do ser.

Por que será...?
Que o fio condutor,
Faz pirraça e não conduz,
O clarão da luz,
E a gente fica perdido,
Desiludido;
Luz que não reluz,
Maria sem Jesus.

Por que será...?
Que embaça o olhar,
Lágrimas insistem em rolar,
O peito aperta,
A dor inquieta,
Escorre um frio suor na testa,
E dá vontade de gritar.

Por que será...?
Que a canção fica triste,
Solidão insiste,
Com o dedo em riste,
E o coração não resiste,
Ao cruel ataque,
Sofre um baque,
E bate descompassado,
Ensimesmado,
Sem poesia,
Sem alegria.

Por que será...?
Que em meio à multidão,
A gente olha em vão,
À espera de uma mão,
Que não vem;
O que vem é a sensação,
De um tiro no escuro,
Um furo no futuro,
Um desabar de muro;
E que o tempo vai parar.

...Por que será?