A LUA
Ó lua que vela a noite e nos ilumina...
Com tua partida, pela manhã, toda sutileza termina...
E também a tristeza que nesse tolo peito germina...
Na claridade de tua beleza, ó lua, grandiosa alteza....
Da escuridão, tanto da noite, como desse coração brilha tua pureza...
Sou filho da noite a esperar por tua luz, ó vossa realeza!
Somente tu escutas meu prantear....
Nas noites que foges de mim, sem sentido, a me deixar...
Acolhe minha tristeza, quando cansado de tudo me ponho a lagrimar!
Já meus olhos não contemplam mais o seu olhar...
Na falta que me faz, meu peito ousa se desesperar...
Nas trevas de minha angustia, minha alma torna a se afogar...
Ó lua, deixa-me sentir, mais uma vez tua branca pele, amada lua...
Por tantas tormentas puseste-me em teus braços, solto, no vazio flutua...
Abraça-me e me eleva ao passado quando me dizias: “sou toda tua”...
Já não repouso sem pensar em ti ou sem clamar por ti...
Cada lamento me tomas pelas mãos e vem o caos a me ferir...
Rebaixo tanto, mas tanto, que o cheiro do chão chego a sentir...
Agora que vejo na janela que tu não estás...
Em passos cambaleantes, sonolento, me jogo para trás...
A espera de um milagre, pois esperança, já não tenho mais...
O que te fiz para ter chegado ao fim?
Sou eu aquele que te completava tua silhueta nas nuvens tal qual cetim....
Ó lua retornes a iluminar o meu céu, e o que restou de mim!