dama antiga

quando vesti as luvas da confissão

a morte me espreitava

como uma dama antiga

trajada à caráter

e no camafeu pendurado

em seu pescoço

vi refletida a luz do sol

no marfim

me fazia lembrar a áfrica distante

ninguém deveria ter nascido para ser escravo

ninguém deveria ter nascido para ser traído

ninguém deveria trazer na alma

a morte

mas eis que está lá

colocada por mãos e

luvas

colocada pela delicadeza

da vida

e pelo

embrutecimento dos

corações

mas eis que está lá

a senhorinha

de sombrinha roxa

apoiada na chuva

e disfarçando a lágrima

seu carmim

de pouco rubro

chega a ser alaranjado

é um ambar

perto do camafeu

tudo é mágica de vida e morte

tudo é vitória-régia

aberta no lago do jardim

sem peixes

tudo é o cheiro de flores

a lembrar-nos do velório

tudo é

repleto de primaveras

impressas da infância

de doces

de sabor improvável

mas de um colorido inesquecível

no arrebatar

das manhãs

mas um dia percorre o mundo

e a velha senhora comedida

aguarda a hora de entrar em cena.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 28/06/2007
Reeditado em 28/06/2007
Código do texto: T544893
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