dama antiga
quando vesti as luvas da confissão
a morte me espreitava
como uma dama antiga
trajada à caráter
e no camafeu pendurado
em seu pescoço
vi refletida a luz do sol
no marfim
me fazia lembrar a áfrica distante
ninguém deveria ter nascido para ser escravo
ninguém deveria ter nascido para ser traído
ninguém deveria trazer na alma
a morte
mas eis que está lá
colocada por mãos e
luvas
colocada pela delicadeza
da vida
e pelo
embrutecimento dos
corações
mas eis que está lá
a senhorinha
de sombrinha roxa
apoiada na chuva
e disfarçando a lágrima
seu carmim
de pouco rubro
chega a ser alaranjado
é um ambar
perto do camafeu
tudo é mágica de vida e morte
tudo é vitória-régia
aberta no lago do jardim
sem peixes
tudo é o cheiro de flores
a lembrar-nos do velório
tudo é
repleto de primaveras
impressas da infância
de doces
de sabor improvável
mas de um colorido inesquecível
no arrebatar
das manhãs
mas um dia percorre o mundo
e a velha senhora comedida
aguarda a hora de entrar em cena.