OLHOS OPACOS
Ser de triste caminhar cambaleante, do mundo isolado,
Tentando seguir por caminhos duros e tortuosos.
Com os pés a sangrarem em dores intensas de um imolado,
Que se lembra de dias passados e de amores outrora gloriosos.
A essência maltrapilha de alguém que não espera mais vida,
Escraviza o vigor daquele que não mais contempla flores,
Sentindo somente o frio e as chagas que lhe endurecem a lida,
Obrigando-o a caminhar por triste seara colhendo suas dores.
O mundo se coloca aos seus olhos, opacos e cinzentos,
Sente a penumbra de sua existência anunciar o crepúsculo,
Envelhecendo a sua face em meio a pântanos lamacentos.
Aquele que antes contemplava imaculada beleza,
Agora observa somente o breu do seu existir escuro.
Vendo a cada momento o duro algoz multiplicar as suas tristezas.