OLHOS OPACOS

Ser de triste caminhar cambaleante, do mundo isolado,

Tentando seguir por caminhos duros e tortuosos.

Com os pés a sangrarem em dores intensas de um imolado,

Que se lembra de dias passados e de amores outrora gloriosos.

A essência maltrapilha de alguém que não espera mais vida,

Escraviza o vigor daquele que não mais contempla flores,

Sentindo somente o frio e as chagas que lhe endurecem a lida,

Obrigando-o a caminhar por triste seara colhendo suas dores.

O mundo se coloca aos seus olhos, opacos e cinzentos,

Sente a penumbra de sua existência anunciar o crepúsculo,

Envelhecendo a sua face em meio a pântanos lamacentos.

Aquele que antes contemplava imaculada beleza,

Agora observa somente o breu do seu existir escuro.

Vendo a cada momento o duro algoz multiplicar as suas tristezas.

Vicente Mércio
Enviado por Vicente Mércio em 31/10/2015
Código do texto: T5433267
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