CRONOTERAPIA
Repito minha agenda
Noto seu aniversário.
Outra vez falta em presença.
As pétalas já secaram,
As músicas esquecidas,
Os adornos oxidados.
A frase foi obsediada;
Permaneceu nua no inconsciente,
Semente que não águas.
Limo as luzes do retrato,
O para-peito das margens
Onde as águas saudavam as areias.
Caminho descalço,
Descalço o caminho...
Entre páginas da semana
Ex-trelas nos feriados
Se junto, ao lado,
Abolíamos as servidões das vestes,
Descobríamos ilhas em nossos corpos incontinentes,
Celebrávamos a total independência
De um feudo do outro,
Decifrávamos a roseta,
E por final, a queda do império.
Escrita cuneiforme se não vivêssemos
No limite do susto,
Linha caprichosa dos azares
Abdicada desde agora
Para maldição das invejas.
Rio, portanto fevereiro
Colhendo carnavais,
Postais e sonhos derretidos,
Amálgama de versos indesejosos:
Leite aos grafocêntricos.
Troca de pedras por anáguas,
Feldspato por sedas,
Diamantes por desprezos de amantes,
Paraísos por amoras lá contidas.
Herdando juntos a insensatez
E as obviedades inaudíveis
Aos apaixonados braços,
Repletos de lodo da espera,
Do engodo das tramas,
Do medo de quem ama pouco...
As fronteiras diluíram-se pelo rosto,
Peito e chão onde deita-se sal.
Acorda-se profeta da cadeira,
Louco rasgando as folhas,
Destampando uvas das garrafas.
Parabéns! se não queres o mal...
Chocolate no cabelo no bolo no avental,
Um efeito televisivo no tamanco,
Uma dignidade no aspecto.
Flores dos analfabetos
Se fores professar o amor que aprendemos
Dos insetos.
Nem ampolas servem vacinas ao ocaso.
Batizando cacto hermafrodita
Mais aplicável a unção
Pois podou-lhe a nova morada
Ou os amigos impropérios.
Epopéico quando vivido
Paródia se contado aos fãs da ironia.
Não cumprido o mandato
As ruas ficaram sem passos,
Eleitores fanáticos por teu seio
E sílabas em coro-refrão por emoções
Em devassa do simples e notório olhar.
Almaficina não fossem os tendões,
A praça em gramíneas testemunhas
Repleta
De palavras partidas.