AUSÊNCIA SEM COR
O meu pensamento devaneia na querida musa distante.
Nas lembranças, procuro cada vez mais profundo,
Os momentos concretos, em que eu via o seu semblante,
E contemplava a sua beleza em um segredo fecundo.
O meu coração sensível insistia em me delatar,
Mas minha mente resistia e reprimia os sentimentos.
E assim, calei-me, e continuei no meu caminho a vagar,
Sozinho, tentando envolver-me numa aura de esquecimento.
Hoje, vagando por terras arrasadas, com as chagas em dor,
Contemplo minhas feridas abertas de cor carmesim.
As minhas mãos cansadas, vazias, e sem nenhuma flor,
Contemplam o brilho opaco de um triste jardim.
O meu ser de essência alquebrada espera em vão.
Em meu peito, o meu coração teme a realidade amarga,
Da perpétua partida rumo a infindável ilusão,
Acompanhado pela ausência da mulher amada.