Reflexos de solidão

A chuva teimosa caiu mais uma vez...

Machucando essa terra, já encharcada;

Sol tentou romper as nuvens, se desfez,

Não teve forças na tarde toda molhada.

Mas os reflexos de solidão foram vistos...

Clarearam a sala e o quarto cheio de nada,

Do nada dos passos e faces, e aqui assisto

A brevidade da luz, que me olha acanhada.

Querendo ficar, e me contar seus segredos...

Mas sabe que precisa ir, e a solidão escreve,

Em linhas espaçosas, todos os meus medos;

Então rascunho o papel, me deixo flutuar, leve.

No tempo breve, esqueço que esqueceu de mim...

Que o vazio não existe, e poema triste é solidão,

E as letras fogem daqui, voam, asas de serafim;

Levam o beijo que trouxe, pousam em teu coração.