Cinzas

Não sigo o caminho dos ventos
Em desalento viro-lhes as costas
Rasgo papeis e queimo sentimentos
Vivo vidas eternas em sofrimentos.
 
A fadiga da alma sangra o corpo
E o discorrer do tempo tanto faz
Ser o adeus ou o solo partido
Ausência prevista e choro sentido.
 
Inverto os polos do meu mundo
Ajusta meu eixo e deixo-me só
Esqueço e lembro que tudo era
Cinza, quase nada, e hoje é pó.
 
Deixo esvaziar o pote de areia com
O grão de esperança que não vingou
Caído ao chão morreu nas palavras
Que sobre ele você lançou.
 
Caminho contra o vento a contento
Da ocasião, recito paz e colho batalhas
Neste funesto momento que criaste
Morre em mim tudo que era vida
 
Sobretudo o desejo de amar-te.