TAMBOR
Nesse estrondar contagiante fez – se a guerra
No externar dos gestos ao recobrir com manto
Corpos gelados contorcidos sem nenhum encanto
Decepções contidas a traduzir tão triste canto.
Formas oblíquas brotaram em antigas terras
Para auscultarem expressivo e ritmado som
Da realeza anunciou o tremular dessa bandeira
Na África fez ecoar seu tom em vez primeira.
Desenhou na noite o corpo da guerreira,
Que pela música frenética foi faceira,
No pelourinho a injustiça deslavada
Ao açoitar o negro no choro fez morada.
Som belicoso fez – se triste nas batalhas
Na pradaria e ao relento sepultou seu sonho
Em uníssono eco fez cair pranto sentido
Em noite fria e solitária emudeceu sofrido.
Trouxe na batida lenta o misturar das raças
Nas crenças místicas anunciou intrépido seu rei
E repercute em noites claras sem neblina
O cadenciado som que vem de Amaralina.
Imerso no estonteante surdo do qual é parte
A descrever neste ecoar tão chamativo
Em alegórico estrondar transforma - se na arte,
E em Nações inteiras esse invocar convidativo.
CRS 24.06.07