Poema mudo
Cada silêncio teu
fala-me nem tão manso,
nem tão alto,
como uma lição o fosse, de fato,
para alguma solidão
que nos aguardasse.
E no suicídio do teu abandono
morro eu também,
acabado e triste
porque sei que não mais existe
o amor de antes.
Cada silêncio teu
envenena-me a alma
e o que nunca me disseste
com tuas palavras,
fala hoje o teu olhar fugidio
indo-se longe
como se não houvesse mais em ti
o que ainda sobra em mim,
mesmo diante do teu abandono.