Lembranças do cárcere
Cortaram minhas asas antes que eu pudesse voar,
Meu corpo antes liso e perfeito
Foi consumido pelas chagas do esquecimento!
Minhas pernas que outrora corriam
Agora definham atrás das grades,
Minha liberdade se resume até onde minha mente alcança
Já que ainda não deram um jeito de a enclausurar de pronto
Contudo a medida que o tempo passa
Minha sanidade definha, a sã idade
Que era meu aspecto mais vívido
Vi definhando a contra-gotas!
Fui banido, largado e esquecido
O mofo ocupa minhas vísceras
Fecha meus olhos agora cegos!
Dizem que tenho culpa por não ter feito as escolhas que não me deram
E os mesmos que me fecharam as portes
Processaram-me, julgaram e ao fim me condenaram,
Esquecendo que um dia sairei pior do que entrei
E sobre àqueles que me fizeram ser que sou
Lançarei minhas mãos de caçador
Até que enfim um dia eu morra,
Meu sangue a negritude do asfalto escorra
E se Deus me perdoar quem sabe eu ocupe um lugar em seu altar
Para só assim alguém lembrar de mim sem a chaga de ter sido um ser tão ruim!
JP 19/09/2015