Dádiva ou maldição?

Um pássaro, uma jaula

O mesmo canto toda noite.

Ao vento ele fala

E a ele, o vento escuta

E o acompanha, com um assovio

Numa noite de permutas

De canções.

E ao fundo ele ouve

Outros tantos cantos como o dele

Em outros tons, em outros lugares

Mas ele não os vê.

Ele não entende como sua canção

É reproduzida tantas vezes

De tantas formas

Mas nunca à ele mesmo.

Ele já viu, e sabe por instinto

Que existem outros tantos como ele

Mas só os vê de longe, por poucos segundos

Até que somem ao fundo

De uma parede branca.

Nenhum deles veio em seu auxílio

Ou respondeu às teus choros.

Ele era diferente deles, mas não sabia em que sentido.

Pois todos eram livres e ele não

Todos eram calados e ele não.

Todos voavam e ele não.

Isto era dádiva ou maldição?

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 07/09/2015
Código do texto: T5374261
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