Vértice
Talvez eu não tenha as palavras certas,
talvez o mundo seja vasto demais para versos pequenos,
talvez as pessoas jamais compreendam meu devir,
talvez não consigam perdoar as verdades nas mentiras,
quando todos procuram o que é certo para si,
quando todos procuram o que é bom para si,
quando todos só querem a eternidade do efêmero...
Eu só quero me dar a quem puder me entender,
eu só quero me entregar a quem quiser se arriscar...
Talvez eu esteja apenas soltando uma pipa na tempestade,
talvez minhas lágrimas não sejam percebidas em meio à chuva,
talvez as pessoas apenas me julguem pelo que imaginam,
talvez não sejam capazes de ver além da paisagem comum,
quando todos se perdem em aparências,
quando todos querem um espelho de seus desejos,
quando todos só desejam o que não podem ter...
Eu só vou me revelar a quem precisar,
eu só vou me dedicar a quem provar seu valor...
Talvez eu devesse me lançar desse terraço,
talvez o vento em meu rosto fosse mais rápido que a vida,
talvez todas as dores cessassem no baque final,
talvez as pessoas nem compareçam ao meu funeral,
quando todos esperam obter garantias e lucros,
quando todos são solitários em suas companhias,
quando todos só sorriem para esconder a tristeza que carregam...
Eu só estarei com quem gritar por mais da vida,
eu só protegerei a quem mostrar fortaleza na fragilidade...
Talvez eu não tenha sido forjado para essa sociedade,
talvez minhas cicatrizes sejam demais para as belezas consentidas,
talvez minha mudez seja um grave erro entre tantos sons,
talvez minha existência esteja no abismo de um delírio sem volta,
quando todos sentem-se tão certos de seus passos,
quando todos seguem líderes para não tomarem decisões,
quando todos só suspiram se não são eles tropeçar em si mesmos...
Eu só serei aquilo que esperam quando deixarem de esperar,
eu só segurarei sua mão para jamais soltar quando você me pedir...