(In)dolor
Procuro estrelas num céu vazio,
tentando amenizar a dor que me cala a alma,
porque todos os dias me sinto destroçado,
sem chances de retornar a ser quem eu era,
talvez seja esse o meu destino,
perambular incompleto,
delirar na insanidade,
espiar o abismo de dentro,
equilibrar-me sobre meu desequilíbrio,
abraçar a miragem do que já tive em meus dedos,
erguendo meus punhos para afastar meus medos,
esperando ser tragado para uma realidade alternativa...
Procuro respostas num caderno em branco,
tentando aquecer o frio que congela meu espírito,
porque todas as noites são de igual solidão,
sem esperanças de que algo mude nessa rota,
talvez seja essa a minha sina,
vagar como um sonâmbulo,
girar em carrosséis invisíveis,
tocar o olho do furacão,
escalar a montanha de meu próprio isolamento,
segurar a imaterialidade de lembranças passageiras,
esmurrando paredes de concreto armado,
desejando ser outro alguém quando nada mais importa....