Sombra
"Enquanto celebram os casamentos
O riso continua gelado
Enquanto brincam com as folhas amarelas
As mãos continuam dormentes
Os giros,os cantos,os assobios param no tempo
Meu lar me protege
O vento chegou muito forte
O sol se diverte com as minhas sombras
Sopro gelado arde em minha espinha
As horas sobrevivem com a melodia do piano
Arrombaram minha porta
Meu anjo fugiu
Meu canto escureceu,minha dança parou...
Enquanto celebram os casamentos
Meu vestido amarelou
As flores perderam viço
Meus livros rasgaram
Meu café envelheceu
E os meus versos se calaram...
Idas e voltas
E a busca pelo estado de Graça
Idas e voltas
E a luta pelos pés retos
Idas e voltas
E a fuga da tragédia grega
Casamentos já celebrados
Noite de horas vivas
Pulsos angustiados,vozes baixas...
O clamor traz um sacrificado sono...
A Aurora beija os horizontes
E tudo recomeça..."
(Charlene Santos)