Se eu perdesse minhas memórias
Se eu perdesse minhas memórias essa noite,
poderia recomeçar como alguém sem passado?
trilhando novos caminhos vazios de sentido,
abrindo janelas de significados ocultos,
tentando tocar uma melodia sem notas ao piano,
rodopiando por parques sem um rumo certo,
questionando cada rosto estranho,
duvidando de cada decisão tomada,
incerto sobre em qual esquina virar...
Se eu perdesse minhas memórias esse noite,
estaria livre das dores que me atormentam por anos?
trilhando jornadas de sensibilidades esquecidas,
abrindo minhas asas a novos vôos sem radar,
tentando encontrar resposta numa lousa branca,
rodopiando como um dado jogado num tabuleiro,
questionando cada sorriso sem motivo,
duvidando de cada passo dado,
incerto sobre em qual fechadura girar a chave...
Se eu perdesse minhas memórias essa noite,
seguiria em frente sem jamais olhar para trás?
trilhando uma ponte em direção ao desconhecido,
abrindo uma garrafa de merlot para brindar ao novo,
tentando manter-me sóbrio no eco de mim mesmo,
rodopiando sobre meus próprios pés inconstantes,
questionando meu reflexo na água do lago,
duvidando de meus olhos sem qualquer brilho,
incerto sobre quando acordar dessa ressaca infinita...
Se eu perdesse minhas memórias essa noite,
escreveria um poema sem nenhum destinatário?
trilhando por entre palavras e rimas abstratas,
abrindo sulcos em cada verborragia de insanidades,
tentando encontrar a tradução para idiomas mortos,
rodopiando sobre versos e paráfrases incandescentes,
questionando os impulsos que movem meus pulsos,
duvidando de cada letra correndo sobre as margens,
incerto sobre a solidão que me guia ao farol das almas perdidas...