Que sei de mim é tarde que chove
E padeço carente desta dôr rúnica
As lágrimas da chuva nem resfriam
E o pouco calor meu se esvai nela...
Calo-me num silêncio desta entrega
Decaído do necessitar amar valente
E nos pingos alheios rezo quietinho
Mas sou dono deste desolar castigo
Sou o herói da vida e certo campeão
Numa valentia do dia evitei desastre
E noutras horas fui o juiz, o executor
Afogo as mágioas agora que penso!
Sozinho em meu canto ou rencanto
Neblinas desoladoras me consomem
Perdidamente envolto nesta dúvida
Se sou o homem necessário na vida
Os vilões se foram e pressinto vidas
Por ora sou celeste farsa das coisas
Imerso no oceano de gotas sumidas
A sós entre pensar agir ou reflexões
E este mar de água insolvente tarde
Faz esfriar o ímpeto dessa alvorada
O cidadão molhado ou predestinado
O herói castiço após doces dilúvios...