Mediadora
Lá vêm as falas essas estupradoras do silêncio,
querendo impor sua força nesse sábado-segunda;
Como se pudessem elas, galgar a dura distância,
Quiçá, curar em mim a síndrome cara de bunda...
Sem azo e circunstância pouco valem as bonitas,
Deveriam antes, padecer nas masmorras estreitas;
Pois é a mais parca ilusão pensar que as coisas ditas,
Podem suprir o dorido lapso das coisas não feitas...
Quem lê almas, mesmo em Braille sabe o que digo,
Digo que o fado foi duro fazendo o que lhe aprouve;
Agora as falas tentam fantasiar com um belo abrigo,
À lacuna sombria do belo omisso que inda não houve...
A pressa de ser feliz é inimiga dessa morosa espera,
Pois, cada uma lê de modo distinto tais momentos;
ventura que desfila, eventual, não passa de quimera,
da mediadora poesia com seus ridículos argumentos...
nenhuma beleza, vista, escrita, fará sentido se não vires,
assim, é só perda de tempo ornada, esse ir escrevendo;
pois, o céu da alma jamais exibirá as cores do arco íris,
enquanto a solidão, mesmo ameaçada, seguir chovendo...