Vô João
Vô João, morador lá do sertão
Não deixou sua casinha
Tão pobre e bem pequenina
E viveu na solidão
Morou sozinho no seu recanto
Junto à mãe-natureza
De lá nunca saiu
Pois se encantou com sua beleza
Não tinha barulho de condução
Não tinha barulho de molecada
Viveu feliz nesse chão
Onde passava boi e passava boiada
Vô João do sertão
Ali entregou seu coração
Agora cansado da idade
Com seu cajado na mão
Em conversa com os amigos
Diz que quer ser enterrado nesse chão
Ao lado da sua casinha
De baixo do pé de mangueira
Bem perto dos laranjais
Queria ouvir todos os dias
O toque do berrante
E as musicas dos pardais
Ah! Vô João, foste matuto
Foi cavaleiro bom, foi boiadeiro
Nas estradas empoeiradas
Dormia no relente da noite
E no frio da madrugada
Hoje de baixo do frio chão
Descansa em paz vô João
Continua sendo feliz
Quando chega a tardinha
Muitas pessoas dizem que vê vô João andando
Com seu cajado na mão
Passeando por ai
Essa é a alma do caboclo
Que até Deus abençoou
Vô João amou tanto àquela terra
Que no paraíso entrou
Deus lhe fez tudo isso
Para não deixar morrer o amor
DIDI MARIA MORETTO