Vô João

Vô João, morador lá do sertão

Não deixou sua casinha

Tão pobre e bem pequenina

E viveu na solidão

Morou sozinho no seu recanto

Junto à mãe-natureza

De lá nunca saiu

Pois se encantou com sua beleza

Não tinha barulho de condução

Não tinha barulho de molecada

Viveu feliz nesse chão

Onde passava boi e passava boiada

Vô João do sertão

Ali entregou seu coração

Agora cansado da idade

Com seu cajado na mão

Em conversa com os amigos

Diz que quer ser enterrado nesse chão

Ao lado da sua casinha

De baixo do pé de mangueira

Bem perto dos laranjais

Queria ouvir todos os dias

O toque do berrante

E as musicas dos pardais

Ah! Vô João, foste matuto

Foi cavaleiro bom, foi boiadeiro

Nas estradas empoeiradas

Dormia no relente da noite

E no frio da madrugada

Hoje de baixo do frio chão

Descansa em paz vô João

Continua sendo feliz

Quando chega a tardinha

Muitas pessoas dizem que vê vô João andando

Com seu cajado na mão

Passeando por ai

Essa é a alma do caboclo

Que até Deus abençoou

Vô João amou tanto àquela terra

Que no paraíso entrou

Deus lhe fez tudo isso

Para não deixar morrer o amor

DIDI MARIA MORETTO

Didi Maria Moretto
Enviado por Didi Maria Moretto em 14/08/2015
Reeditado em 11/09/2015
Código do texto: T5346710
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