Agosto
Tenho tentado ver mais do que meu especto no espelho,
tenho buscado ver além do que a tristeza dos meus olhos mostra,
tenho sonhado não acordar entre pesadelos do passado todas as noites,
tenho ansiado por não desejar me encolher em um canto escuro,
estendendo a mão a quem interesse um insano poeta sem rumo,
uma delirante agonia de encontrar a salvação no fim da solidão,
sendo demasiadamente tolo para querer crer em milagres,
sendo efusivamente desesperado para desejar o impossível,
tentando enganar um destino há muito já traçado para mim...
Tenho esmurrado as paredes de minhas desilusões,
tentado arrancar os arames farpados com os quais me cerquei,
machucando os punhos em meus próprios dilemas internos,
gritando fortemente para labirintos de ecos surdos,
olhando paisagens sem cor por trás de cortinas de ferro,
tentando preces para oratórios sem mística alguma,
acendendo velas em tempestades de esquecimentos lembrados,
sendo mais um prisioneiro de minhas próprias ações,
querendo compreender o que significa de verdade amar...