Entristecer tarde alvorecer


O meu pesar não é o último, nem triste velar
mas acordo em cócegas a cada sorrir perdido

Meu ser infame, embala-se na dôr consentida
e no porém seguinte choro lágrimas ruidosas

Seios que tenho nunca encontram um padecer
deste rosto de quem amante se foi passante!

Parte de mim é talento em dores, muito revés
ou teatro da alma velha é a tumba do sucesso

Padeci inúmeros sonhos, pesadelos sem nome
e de meu iluminismo perdido guardo o artista

Andei infeliz e sorri veludos, mas cansei amar
e desisti de ser honesta para ser muito poeta

Estou só, à sós entre ôcos desejos, só abismo
entrego meu destino andante o galante verbo

De minha voz, embaçada voz, caem lágrimas
ditas ao olhar um horizonte de maus eventos

No fim, entendiada, farta, fico a ver a paixão
se diluir entre mares de rezas e uma certeza!

O que amei sou eu em outra instância antiga
fui a tôla no julgar-se querida por quase nada

Alguém sabe, soube e desisti do coração vago
e estou à mercê da tristeza naufragada insone

Que venham as ondas, as marés, o deixar ir-se
logo mais e ficarei entre recuerdos de outrora...
Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 26/07/2015
Reeditado em 26/07/2015
Código do texto: T5324605
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