Cenatório

Saudoso, a caminhar por sobre areia
e a decalcar pegadas no caminho,
olhava o sol deitado (inda no ninho)
como se a vida fosse coisa alheia.

Do mar se ouviam cantos de sereias
a entoar soluços de amor,
enquanto o sol suava de calor
e o sangue borbulhava em minhas veias.

Do vento, espirais redemoinhos
brindavam o rumor da maré cheia,
enquanto o céu, já posto para ceia,
espera que a saudade traga o vinho.

Saudoso, eu esperei o sol se pôr,
com mente e coração em desalinho.
E ali fiquei em busca de carinho
até que a lua veio a meu favor.

Saudade é se levar onde se for
um concerto de amor e ouvir sozinho.

 
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 19/07/2015
Código do texto: T5316226
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