O Que Nunca Foi Meu (25/03/2014)
Eu ficaria feliz em dizer que a ruptura
não foi tão grave e que não me desfiz em pedaços.
Gostaria de dizer que não sinto falta dos risos em voz,
E nem mesmo dos feixes de luz que eram seus olhos.
Preferia te ver como um desconhecido platônico
Que jamais habitou qualquer recanto obscuro de minh'alma.
A música ainda martela aqui dentro,
Calando fundo aquele buraco oco ao qual chamei de coração,
E que um dia lhe dei abrigo cativo.
Os dias são os mesmo, e possuem a mesma sensação vazia.
Como se você nunca houvesse existido
Ou fosse criado por minha mente doente.
Lamentei a perda, e ainda celebro teu Réquiem, sabendo que jamais voltará.
Ainda clamo ao Sol que parta, e leve consigo aquele calor que tanto lhe agradava.
Fiz das canções eternas juízas e carrascas minha, pois insisto em não matar a memória.
Ainda me levanto como ser fraco que sou e caminho adiante.
A estrada é ainda mais difícil, você nunca estará no fim dela.
O saudosismo ainda invade meus tímpanos, vibrando alto em minha mente.
Mas é preciso levantar.
Na tempestade acolhedoramente gélida busco refúgio.
E no silêncio noturno me entrego a doce e amarga lembrança de ainda ter - vos aqui.
Nesse silêncio solitário culmina não o pecado e nem o desejo,
Apenas a distância de quem um dia partiu, sem ao menos ouvir...