Em mim

Li em mim um borrão

Mais sussurro que rabisco traçado

Tenho linhas, um pedido, tinta na mão.

Riscado, esquecido no passado.

Mas também há em mim meios tons

De mil anos, mil cores, e sinestesia,

E tudo isso pra mim é quase bom

Apesar da incompleta alegria.

Correm por mim ainda três rios

Com conchas pedras, meias-verdades.

Escorro ao relento, eu brilho

E na beira do tempo, só saudade.

Eu quis escrever, alhures, com algum sentido.

Mas perdi-me enfim, e no começo.

Busquei palavras, dentro de mim.

Mas só encontrei sentimentos, sem conserto.

E torno ao borrão, num dia de chuva.

E os meus pensamentos, estão açodados.

Molhados de amor, em água turva.

Forçando escrever o que está velado.

E grito por dentro, com força que assusta,

Preciso de palavras certas, quero escrever

Mas há nisso um preço, e o que me custa?

Talvez meu juízo, meu amor, enlouquecer...

Por que Santo Deus! não sei as palavras certas

Estaria eu fadado ao silêncio?

Me corta por dentro não saber escolher

Qual palavra diz o que sinto?

Só sei que nossos pés tão juntinhos,

Dizem sozinhos mais que versos,

E assim escrevendo viajo, aos pouquinhos

Pelos lençóis, Pelas canções,

Sobre anéis, sobre flores.

Sobre perfumes,

Sobre os dissabores

Sobre esse amor, que mais parece um deserto.

Por que estou sozinho em casa.?

Por que essa chuva me deixa tão triste?

Essa solidão por que não passa?

Por que esse frio tão intenso assim?

Por que esse silêncio? Afinal.

Se tenho você tão viva, dentro de mim!

Glauco Medeiros
Enviado por Glauco Medeiros em 09/07/2015
Reeditado em 10/07/2015
Código do texto: T5305391
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