COMO PÁSSARO FERIDO
É na solidão da noite que grito ao vento o meu silêncio procurando a eternidade que existe entre a terra e o infinito...
É num céu sem estrelas que afasto uma lágrima que teima em escorrer no ocaso do meu olhar...
É na saudade da tua lembrança que afasto as pedras que barram os caminhos... com tantos espinhos...
É no sereno da madrugada que lavo meu rosto das trevas e das rugas que sulcam a tristeza dos meus medos...
É no silêncio das minhas palavras que escondo os desabafos que ao longo da vida se foram escorrendo por entre os dedos...
É na tristeza dum dia gelado que procuro os raios de sol que ficaram sepultados na bruma das tempestades e que invadem meu corpo inerte... carente de calor esperando os afagos do amor...
É nas paredes nuas do meu quarto que guardo todas as mágoas e desenganos que se foram enraizando no meu peito... onde sepulto as saudades dum tempo que se esvai ténue no pensamento e onde vou calando o meu descontentamento... e onde grito as feridas expostas que rasgam minha pele e dilaceram meu coração repleto de cicatrizes...
É nos pesadelos que cavalgo um corcel perdido e sinto uma loucura febril quando minha alma cansada flutua inerte pelo vazio das minhas mãos vazias... rasgando as trevas da noite...
É na imensidão das sombras que abrigo agonias e cansaços e recolho as cinzas do desamor e do desdém...
É no final do pôr-do-sol que a lua nasce e se vai deleitando com os amores que nascem de minuto a minuto sob um véu de pétalas de flores...
É na esperança do novo porvir que a vida cavalga nas asas do pensamento... voa e flutua nos sonhos adiados... e desata os nós que prendiam os laços... e reata os abraços que estavam perdidos do outro lado da vida...
O meu pensamento... como pássaro ferido... quer reaprender a voar... retomar o seu voo e seguir o seu destino... ver a vida florir como um colorido arco-íris... para poder apenas reaprender a ser feliz!
By@ Anna D’Castro