Sem ar

Dentro da floresta o caos está sob seu controle

As aves se aninham, enquanto as cobras procuram por seus filhotes

Os macacos gritam para espantar o tigre à espreita

Os galhos e as folhas caem e enfeitam ainda mais o imenso tapete.

Cada animal e cada planta viva silenciam tudo com seus falatórios de sempre

E eis que o fogo assopra seu calor e invade cada lar, tirando a paz de cada um

Não há mais presas nem predadores, há vidas querendo viver

Corre de um lado e o fogo crema,

vai pro outro e a fumaça cega os pulmões.

Há morte. Há morte em cada canto.

O fogo começou esperto, nas beiradas.

Em cada beirada ao norte, sul, leste, oeste e todo entorno.

Não há saída. Toda correria é desperdício de energia.

A morte mais calma é a da espera por sua vez, pois ela virá.

Consumindo cada oxigênio. Assim ele mata.

Assim ele vai e vai assim até acabar consigo mesmo.

Destrói e depois vira cinzas.

Os verdes, marrons e todas as cores se tornam pó.

A água da chuva não acalentou, pois não veio.

A primeira chama já foi a primeira gota da vacina

Não há contra vacina para a vacina tomada.

O tempo foi e a chama se apagou.

O que restou foi um solo esfumaçado e metade de alguns troncos

A vida que viveu está sob o chão

Naquela floresta foi-se o ar e os ventos

O caos tomou-se pelo caos.

Renan Sposito
Enviado por Renan Sposito em 28/06/2015
Código do texto: T5292974
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