Sem ar
Dentro da floresta o caos está sob seu controle
As aves se aninham, enquanto as cobras procuram por seus filhotes
Os macacos gritam para espantar o tigre à espreita
Os galhos e as folhas caem e enfeitam ainda mais o imenso tapete.
Cada animal e cada planta viva silenciam tudo com seus falatórios de sempre
E eis que o fogo assopra seu calor e invade cada lar, tirando a paz de cada um
Não há mais presas nem predadores, há vidas querendo viver
Corre de um lado e o fogo crema,
vai pro outro e a fumaça cega os pulmões.
Há morte. Há morte em cada canto.
O fogo começou esperto, nas beiradas.
Em cada beirada ao norte, sul, leste, oeste e todo entorno.
Não há saída. Toda correria é desperdício de energia.
A morte mais calma é a da espera por sua vez, pois ela virá.
Consumindo cada oxigênio. Assim ele mata.
Assim ele vai e vai assim até acabar consigo mesmo.
Destrói e depois vira cinzas.
Os verdes, marrons e todas as cores se tornam pó.
A água da chuva não acalentou, pois não veio.
A primeira chama já foi a primeira gota da vacina
Não há contra vacina para a vacina tomada.
O tempo foi e a chama se apagou.
O que restou foi um solo esfumaçado e metade de alguns troncos
A vida que viveu está sob o chão
Naquela floresta foi-se o ar e os ventos
O caos tomou-se pelo caos.