Desespero líquido
Frio nos ombros,
passos perdidos,
sorrisos estilhaçados,
lágrimas sem destino,
murros em paredes de concreto,
qual o rumo para todas essas sombras?
Oh, não me fale em mais perdas,
em mais fugas, em mais tristes noites,
estou destilando minha sanidade em desespero líquido,
pouco importam as esperanças que ofertas em contos reescritos...
Grito sem voz,
ditos malditos,
medos acorrentados,
lamentos de melancolia,
agonia em cadafalsos de temperamento,
qual a saída dessa escuridão sem radar?
Oh, não me digas tolas palavras,
em poesias, crônicas, sonetos sem fim,
estou arruinando meus pensamentos em desfiladeiros,
pouco importam os sonhos que prometes existir em moinhos de vento...
Mapas invisíveis,
tornos imperfeitos,
luzes queimadas,
mãos calejadas,
corridas em círculo na beirada de abismos,
qual o fim dessa penumbra?
Oh, não me recite versos inquietos,
melodias sem cadência, trovas sem rimas,
estou compilando minhas sete vidas alienadas de sentido,
pouco importam as lamparinas que trazes como um rito de paz...