Teatro de mim
Dissolvendo como o pó no ar
Desvanecendo-se como as flores no jardim
Abandonando a alma de um corpo já desfigurado
E o tempo vazando pelo ralo de uma piscina de sonhos vazios
E a razão deixa de existir
Assim como a vontade e o perdão
Continuo morto com o coração batendo
Parasitando sorrisos de rostos inocentes
E quando as cortinas se abrem,
As luzes se direcionam ao palco
Eu, em meu camarim,
Coloco a minha máscara da alegria
Deixando a imagem do terror por trás dela
Visto cores e obrigo meu corpo a brilhar
Então entro no palco dos horrores da vida real
E me ponho a interpretar para centenas de rostos estranhos
Frios e sedentos esperam por um erro
Interpreto um papel que somente nos devaneios mais extremos
Talvez funcione
Felicidade absoluta ou absorta
Uma fantasia de felicidade que nem as fábulas
Mais ricas conseguem mostrar
E depois de um ato inteiro de falsidades surreais,
De mentiras e sorrisos forçados,
Volto ao camarim
Retiro a máscara,
Enxugo as lágrimas
Ponho a máscara para mais uma vez
Distribuir e receber sorrisos de mentiras
E faço isso
Dia após dia
Meu teatro é minha vida
Meu público são as pessoas que passam por mim
Meu camarim, meu quarto vazio
Minha máscara, meu sorriso de mentira
Meu ato, o momento
O roteiro, os anos idos
O triunfo, a morte
O reconhecimento, o esquecimento