FIM DE NOITE
Estou sozinho num canto.
O conjunto toca uma música de fim de noite
dessas de você segurar na mão de alguém
e achar que a vida é isso:
uma cerveja, uma música e uma boa companhia.
Então, inevitavelmente, penso em você
Porque a noite vai acabar e minha alma está vazia
Como nas letras dos boleros.
E imagino o que tenho de fazer
Para atingir você
Será com meu silêncio?
O silêncio dos meus gestos,
Dos meus toques
Do carinho que quer transbordar
Dentro de mim?
Será com as minhas palavras?
Palavras que parecem vir fáceis
Mas que são como um parto
Pois vem do útero
De meus sentimentos
Ou será com a minha ausência?
Para que você perceba
Quanto estou perto
Quanto estou zelando por você
Vou para casa sozinho
Com minhas dúvidas,
Meus pensamentos,
E quem sabe minhas esperanças
Bem como na música
Que se escoa devagar...