METAMORFOSE
Sem perceber, foi encolhendo
seu braço, seu abraço, suas mãos
que outrora entregavam,
mais que o brilho do sol,
o gosto da alvorada.
Foi perdendo pouco a pouco,
o sentimento de ser livre,
o gosto de escolher caminhos.
E guardou, não sei onde,
talvez nas entranhas
onde intocável
o que fora flor e fruto e canção;
guardou até a voz do seu violão
e foi deixando que a ferrugem
fosse comendo devagar
o que fora na alma
tanto pássaro, tanta festa
e comunhão.
(Oneida Resende)