Chuva ácida
Como estas nuvens pesadas
vou me pesando, cansada,
como um peso chumbo
nas minhas costas,
que vem e que vai,
mas nunca vai embora.
Só vem e pesa
minha menta já há muito velha
e torta.
Esse corpo já gasto,
e um amor que já nem possui lados
é só um amor desgastado – pelo mundo –
cheio de faces e fases
das mais leves às mais pesadas
- em mim só vejo a face cansada,
o lado imundo.
Ah! Que a chuva me caia torrencial
levando essa imundice que carrego.
Trapos novos, trapos velhos,
de trapo em trapo toneladas peso...
E que meus olhos castanhos
já não mais sejam cinzas,
que jazem em um céu distante,
como chuva ácida chovendo na face minha.
Continuo, mesmo que pesada,
cansada, em busca de alguma
e qualquer leveza.
Enquanto isso vou colecionando
trapos, toneladas de peso,
chorando chuva ácida
que cai sobre a minha mesa.