Apenas eu sei

Posso até contar a alguém,

Como ninguém, dirá que sentes muito,

Não estou de luto.

Eu sou como sou.

Não posso ser quem não sou.

Se a pessoa sabe,

Se ela é,

Não perdeu ainda sua fé,

Pois isto não é de escolher, de alcançar:

É tão natural como respirar.

Ora, se cabece a mim escolher

Entre o errado e o certo,

O rápido e o lerdo,

O fácil e o ávido

Seria bom, seria maravilhoso.

Mas a vida não é maravilhosa.

A cruz que carrego pesa,

E posso dizer:

Não escolhi por querer.

Se pudesse, meu amor seria por "ela".

Mas a quem recorrer?

A quem desabafar?

Aos cristãos, que a Deus louvam?

Ao verso, que não me ouvirás?

Às palavras vazias, que vêm e vão?

Realmente não saberei dizer.

O amor oprimido não encontra um abrigo.

É fácil desejar e ver nos outros felicidade,

Mas em você, em mim,

Temo que apenas vá passar os anos, a idade.

Por que tão platônico tens de ser?

Oco, não correspondido,

Diferente de todos?

Feliz, aos olhos dos seus,

Solitário, aos meus.

Não preciso de adereços,

Uma máscara para sorrir.

Eu sou a máscara em si.

É fácil julgar em liturgias,

Quando é a alma que quer cirurgia.

Erro de Deus?

Não, sou filho dele.

Igual a vocês, irmãos,

Que nem sempre agem como Ele.

Dai-vos tuas mãos.

E eu que amo, que choro, que me calo,

Peço a Deus que um dia

Encontre alguém que fique ao meu lado,

E me abrace, me conforte,

Me ame, me deixe mais forte.

Pois a vida sem amor não é vida,

É dor, presságio de morte,

Não, preciso ser mais forte!

E serei, e encontrarei alguém

Que remendará todos os cortes.

Sou jovem, e encontrarei alguém

Que me ensinará a ser feliz novamente,

Benevolente, será meu abrigo,

Pois ao seu lado não haverá amargura

Que detenha o meu amor oprimido.

É triste, sabem aqueles

Que me vêem, ou que sentem.

Mas somente uma pessoa no mundo saberá

A fase que agora em minha vida é lei.

Não entenda, apenas eu sei.