OS AQUÁRIOS
Olhando imagens pelo vidro de um aquário
Imerso em águas cristalinas e desertas
Nenhuma vida além da sua habita ali
Humanos-peixes-plantas já morreram todos
E nada mais lhe suga empenho ou interesse.
Sozinho encerra-se às paredes transparentes
Sem amparar os pés no fundo inalcançável
Meneia mãos e braços, pernas, membros soltos
Cumprindo assim o insano ofício de ocorrer.
As coisas lá do mundo externo dançam tortas
Com suas formas maleáveis e embaçadas
Perante as vistas enfadadas de enxergar.
Num gesto bruto e involuntário, rompe o vidro
Então se espanta ao ver-se em meio a aquários outros.
E em cada aquário um solitário se afogando.