DESPEDIDA
(a um quadro de giz)
Quadro de giz,
pela última vez, hoje, apaguei
em ti minhas escritas.
Eu vou partir.
Sentirei de ti, e dos amigos,
saudades que levarei de pronto
junto a bagagem, que não é muita.
– sou um professor.
As saudades permanecerão
como utensílio para a vida
nos dias futuros. As lembranças
nos ensina muito e pesa pouco.
Velho e surrado quadro, agradeço a ti
por ter me suportado quando riscava
a tua superfície com enigmas da álgebra
no exercício do ensino e com traços de poesias
nos momentos cúmplices de fuga e de lazer.
Ajudaste-me a doar-me com as ciências
que aprendi e que ensinei.
E apesar do teu corpo liso e frio
foi um companheiro nos momentos
em que o ensinar também significava
transmitir calor humano a tantos irmãozinhos
que buscavam e mim um pouco da luz do saber.
Obrigado, amigo verde, por ter sido
meu companheiro
no dias que passaram.
Adeus, meu amigo.
Sidnei Garcia Vilches.
Natal de 1994.