Purgatório
Purgatório
Em murmúrios a orar incautamente
Sob influência de espíritos nefastos
Vestes virginais e costumes castos
Oh! Pureza a decair imprudentemente
Encontra-se agora em vales sombrios
Arvores nodosas de vasta vegetação
Terra lamacenta, ar cheio de podridão
À frente, depara-se com ser alvadio
Em cântico quase inaudível
Sussurra suas lamúrias tortuosas
Corre então a virgem temerosa
Adentrando terreno desprezível
Aos tropeços, a dama cauta cai
Joelhos em sangue e lama, chora
Soluções intermináveis, ir embora
Enquanto sua fé aos poucos esvai
Já desesperada, de pureza maculada
Incapaz de continuar sua trajetória
A felicidade some de sua memória
A dor ficou em si perpetuada
Continua então por impiedoso labirinto
A cada passo, uma nova chaga
A cada palavra, uma nova praga
Caminha lado a lado com medo e instinto
Hoje, Oh! Pura virgem atormentada
Deve caminhar sofregamente solitária
E ascender das trevas imaginárias
E padecer sob as terras encantadas
Eduardo Benetti