De Uns Tempos Pra Cá...

De uns tempos pra cá tudo anda muito mais chato.
Não se avistam mais as cadeiras pela calçada...
Nem se chocam mais as pegadas sobre o barro molhado.
Ninguém mais fez a parada da esquina de goleira,
O chimarrão, os sorrisos e as altas conversas fiadas...
Ninguém mais conversou fiado varando uma noite inteira.
Tudo se obstruiu tão rápido
Com o dia triste que montou no dia feliz
Que, às duas da manhã, só mesmo a rua morta no anonimato que respira.
(É como se tudo, bum!!!
E todo mundo tivesse se tornado ingrato...)
Mas que não tivesse deduzido
Que os anos parariam-lhe o corpo e o senso nato.
E foi por isso que não puseram mais a água a esquentar...
Foi por isso que deixaram toda a verdade de molho
Na panela de ferro a temperar...
Não colheram mais as folhinhas de erva-cidreira.
E aquele famosos e comentado pé de goiabeira
Nunca mais cresceu
Nunca mais colheu
Nem quiseram colher os mais novos bafafás.
Não vejo mais nem as vizinhas fofoqueiras!...
Estamos ruindo como o Coliseu.
Todo mundo anda muito ocupado!
Todo mundo anda morrendo deitado!
A comunidade perdeu todo o seu tradicionalismo.
Mas toda essa chateação tem um único motivo:
Na cidade de mentira
O homem corre atrás do seu individualismo.

 
Holofote Cerebral
Enviado por Holofote Cerebral em 31/03/2015
Reeditado em 25/04/2015
Código do texto: T5190444
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.