Das carências

Das carências

Andarilhei pelas ruas,

visitei lugares que frequentei no passado

e lá não encontrei ninguém...

No frio daquele dia

alimentei minhas queixas,

bebi duma quente nostalgia,

desconheci minhas esquinas,

mas não me embriaguei...

Notívago, caminhei sem rumo,

fui até o fundo da minha solidão.

Daí percebi que o (ainda vivo) passado era bem ali

e o relógio me dizia

que eu estava em outro tempo...

E no final, sem pesares,

amanheci noutra estrada,

rompi imensuráveis muralhas,

sozinho, me encontrei...

O que me fizera sentir num poço de navalhas

e me transformara em metades

eram, tão somente, carências de mim.

Beto Acioli

15/03/2015