PAPEL EM BRANCO
Mas por que te arrebatas o íntimo,
Se imolado, o verbo não te refaz?
Toma-te da pena, a pena fugaz!...
E crava as horas num clamor ínfimo.
Quem sabe te vede na inspiração
De lembranças em retinas atiçadas
E nas dores de emoções avivadas
Num papel a sangrar-te o coração?...
Enquanto te matas na alma órfã,
Mal te sentes no ardor das lareiras...
És níveo papel da poesia pagã.
E, se negas às letras, toma-te a cruz...
E te rimas ao luzir das estrelas,
Que te cedes ao breu num resto de luz.
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14 de março de 2015 - Dia da Poesia.
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Giovanni Pelluzzi
São João Del Rei, 13 de março de 2015.