É brabo o sofrer-se

O destino, meu destino, deveras a estrada, consorte da solidão

Estimo em ti o que sou, engrandecida, a decisiva eremita lúcida

Meu reino deste mundo é meu lar, a despesa de um coração só

Entregue ao fato de ser aquela que na hora solene sente a dôr

O caso de minha sina é um caso indefinido do denso verbo amar

E estou na estrada calma, desertora dos meus pés, enfim fardo

Espero de você esperanças, dolorida esperança, e nuvens fúteis

Meu ser angustia, desespera o frio deste deserto, numa geleira!

Solidão que convoca batalhões de temores, frágeis sentimentos

E fico a sós na morte da ventania que traz emoções, e direções!

Me dê a certeza que jamais desmorona, a antiga paixão esquiva

O meu desamor agora espera a chama, desaquecimento insone!

Sou a tua, a vossa, e aquela tímida santa, o tudo que perdeu-se

Esperarei num umbral de minha casa sem paredes, sem telhados

Minhas vestes o avisarão de que sou azul, desarmada de fetiches

Desolada por um tempo distante, já distante, ao abrigo do gêlo!

Serei tua luz nessa neblina que queres encontrar, juntinho a mim

Um fogão zelando pela mecha aquecerá seu lanche ou eu rezarei

Se estiveres faminto te darei um pão, mas de mim nada alimento

Meu coração há muito esqueceu a fome de cardíacos sentimentos

Estou a braços cruzados no elemento hostil dessa solidão antiga

Peço-te que leve de mim a verdade de sermos poucos lembrados

Sozinha, e aturdida e lacrimejantemente infeliz é a minha indecisão

Te quero a sabedoria do aventureiro que enfim me dará paixão...

Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 15/02/2015
Código do texto: T5138307
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