Coisas do Cotidiano
O cotidiano é uma individual máquina de triturar:
Afagos,
Trago de beijo.
Diálogo,
Posições receptivas.
E tudo finda num “bunda com bunda”.
E muito silêncio e luz apagada.
Choro mudo.
Ou, o que é pior:
Infantilização do outro.
Não gosto de ser “inho” nenhum.
Sou apenas uma mulher.
Adulta.
Dona de mim
e dos meus passos.
Ora acerto,
ora erro a mão:
Humana sou.
E detesto ser “criança”
Nas mãos de um pseudo-adulto.
Gosto de criança.
Gosto da criança de mim,
mas nos momentos apenas meus.
Daqueles, comigo mesma.
O cotidiano é uma máquina individual de reciclagem:
De palavras
Sub-entendidas,
mas perfeitamente compreendidas.
De quem está
E de quem “pseudo-está”
Na minha pequena sala de estar
Onde esqueço sempre a janela aberta
E deixo o vento e a chuva entrar.
Tão descuidada sou.
O cotidiano é uma máquina individual de aniquilar:
O eu,
O outro,
O nós.
Respiro e desafio-a!
Ela jamais aniquilará os meus sonhos.
Refaço-me sempre.
Careço apenas de um tempo
Silencioso e brando.
Sou muito habilidosa
em trabalhar com o lixo reciclável meu.
Com os restos aproveitáveis de mim?!
(re)Crio maravilhas!
Karla Mello
30 de Janeiro de 2015