Cala no peito

Por que te ouço solidão?

Se te ouvir me cala no peito

Se tu resultas sem qualquer ação

Se vens do nada tão vadia

E te acolho encarecidamente

Por que me movo, solidão

E os meus passos me assombram

E os meus pensamentos me zombam

Tarda a esperança e não me chega ao coração

Tento mudar meu mundo

e o mundo não meu me muda

e quando penso que me adapto

Vejo não estar apto a suportar a vastidão

Vacilo lascivo na sílaba só

E nada me dão

Pois tudo só lhe dão

Dão ao nada da tristeza

A total avareza desiludida

de que haja compaixão

Sigo de terno no calor do inferno inventado

Parabólicas parafraseiam o mundo em formação

E dentro de mim mais uma árvore tombada

Mais um bicho atropelado

Mais um ladrão de modos caros

Depois que tudo passa

O que me fica depois do que me arrasa

É minha solícita solidão.