Psicopatologia poética
Como os poetas são retrógrados
Jogam algumas palavras
no branco
numa
matiz
de símbolos infinitos
esperando que
isso se torne
algum
Princípio
Oh, garota
como os poetas são depravados!
Sofrem a escolha
de terem
escolhido
Sofrer,
não
é por
acaso
Mas não percebem
Não percebem!
Simplesmente nunca percebem!
que em meio
ao seu lirismo
existe
uma tragédia
tragédia tragédia tragédia!
iminente
como uma corrente
transbordando
pelo caminho
As casas feitas
de tijolos tortos
colchões mofados
e janelas
sem luz
estão sendo levadas
pela torrente
enquanto
suas pernas
estão sobre mim
Então digo-me
que
de alguma forma
talvez
alguém possa sentir
como um rabisco ígneo
no céu
do seu âmago
O golpe!
A foice!
A concussão
desenfreada
exacerbada!
do rastro
cinzento
Oh! mulher
crítica dos maus tempos
Oh! garota
de intempérie
febril
Quando seus cabelos
forem escondendo
os olhos
pela inclinação
de deitar-se no travesseiro
pode já ser hora
a hora de ir para casa
Um livro nunca
lido
estará na cabeceira
esperando a
folheada
final