Psicopatologia poética

Como os poetas são retrógrados

Jogam algumas palavras

no branco

numa

matiz

de símbolos infinitos

esperando que

isso se torne

algum

Princípio

Oh, garota

como os poetas são depravados!

Sofrem a escolha

de terem

escolhido

Sofrer,

não

é por

acaso

Mas não percebem

Não percebem!

Simplesmente nunca percebem!

que em meio

ao seu lirismo

existe

uma tragédia

tragédia tragédia tragédia!

iminente

como uma corrente

transbordando

pelo caminho

As casas feitas

de tijolos tortos

colchões mofados

e janelas

sem luz

estão sendo levadas

pela torrente

enquanto

suas pernas

estão sobre mim

Então digo-me

que

de alguma forma

talvez

alguém possa sentir

como um rabisco ígneo

no céu

do seu âmago

O golpe!

A foice!

A concussão

desenfreada

exacerbada!

do rastro

cinzento

Oh! mulher

crítica dos maus tempos

Oh! garota

de intempérie

febril

Quando seus cabelos

forem escondendo

os olhos

pela inclinação

de deitar-se no travesseiro

pode já ser hora

a hora de ir para casa

Um livro nunca

lido

estará na cabeceira

esperando a

folheada

final

Leandro Tizolin
Enviado por Leandro Tizolin em 30/12/2014
Código do texto: T5085669
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