Gotas apenas

Gotas apenas,

Diluir-me

e da fina areia virar lava

escorrer para dentro

do mundo

tão profundo

e escuro

como as noites

sem lua.

Evaporar-me

ser mais branda que a água

riacho em tarde calma

á correr silencioso

mata a dentro

Confundir-me

de todos os verdes e azuis

ser pena que da pena

já não voa

só rasuras

de um riso já á toa

e umas míseras gotas

de neon

Traduzir-me

no silêncio abissal

que me consome

vasta nuvem

que arrasta-se

para dentro

E apagando-me

como apagam as aquarelas na chuva

despeço-me de mim

entro em clausura

tranco as portas

e revisto a armadura

Nesta noite que parece não findar.

E mais tarde,

quando o tempo for o senhor dos ventos

ainda haverá por sobre as pontes

um leve perfume floral

exalando nas noites de cristal

que em gotas

cairão nos rios

E desaparecerá no sonho

daquela criança

que ainda não dormiu.

Márcia Poesia de Sá.

Márcia Poesia de Sá
Enviado por Márcia Poesia de Sá em 19/12/2014
Código do texto: T5074628
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.