À TUA SANGRIA
Quisera um dia retomasse a vida minha
E dentre os ruídos calasse a voz manhosa tua
Dissesse-te que foi minha tamanha agonia
Como o sol que arde no lombo dos andantes da rua
Quisera meu peito velasse a sós o que tanto sentia
E não deixasse minha alma descoberta e nua
Ou que fugisse de mim teu sorriso que fingia
E fosse teu ego pra marte e meu amor pra lua
Antes liberto do tombo e de ti precavido
Não seria agora este homem túmulo
Teria inda vida que havia vivido
Ou quem sabe se o coração hoje partido
Tornasse canonizado como homúnculo
Haveria prazer tal desgosto ardido.