SOLIDÃO

Sozinho

em meu quarto,

o tempo se arrasta.

Roupas jogadas,

cinzeiro cheio,

coração apertado,

o café acabou.

De manhã,

faço mais café,

o dia será longo.

Conversa banal,

trabalho sacal,

almoço trivial.

E à noite,

rua vazia,

cama fria,

toco violão,

mas pra quem?

Olho a pintura interrompida,

tal qual a vida,

e o café acabou.

triste?,

eu?

não,

com os ingredientes

da tristeza, faço poesia.

misturo o tempo

que se arrasta,

roupas jogadas num canto,

cinzeiro cheio

e o café acabou,

penso na rua vazia

e faço poesia.

com pitadas

de conversa banal,

trabalho sacal

e almoço trivial,

olho a cama vazia

e faço poesia.

uma colher

do violão

que ninguém ouve,

outra, da pintura interrompida,

faço rima com a vida;

queria botar só uma gota,

mas o café acabou.