Despedida

Despedida

Jorge Linhaça

Quando perguntarem por mim

Diga que não me viu, mas, ouviu falar

Que eu andava na estrada a vagar

Sobre o asfalto negro sem fim

Se lhe perguntarem o porquê

Diga que foi apenas cansaço

Que me fez abrir o compasso

E a longa estrada percorrer

Se alguém disser ter saudade

Não ligue, é apenas cortesia

Pois não me viam no dia a dia

E nem sabiam das minhas tardes

Se um dia lhe derem notícias

De um defunto indigente

Encontrado ainda meio quente

Por algum civil ou polícia

Finja que não sabe de nada

Como sempre e sempre fingiu

Deixa, então, cair no vazio

A lembrança que tenha guardada.